Postado em 18/dez/2015
Uma das técnicas de nucleação mais utilizadas na restauração ecológica é a transposição da serapilheira e do top soil de florestas nativas para áreas degradadas.
Vários projetos do LARF-UFV em empresas de mineração têm comprovado a eficácia desta técnica em promover uma rápida cobertura do solo e em desencadear o processo de sucessão através da germinação de sementes presentes no banco de sementes do solo.
Contudo, esta técnica de nucleação tem sido sempre recomendada para áreas em que o licenciamento ambiental autorizou a supressão da vegetação, visando aproveitar o banco de sementes que seria perdido. Uma vez que tem sido amplamente discutido se a remoção da serapilheira e do top soil de florestas nativas possa gerar impactos negativos nestes ecossistemas, embora até então ainda não existissem estudos publicados sobre este tema.
Buscando responder estas questões, o trabalho de conclusão de curso (TCC) da bolsista de PROBIC/FAPEMIG Thaís Diniz, sob orientação do prof. Sebastião Venâncio Martins, avaliou o impacto da remoção da serapilheira e do top soil no estrato de regeneração natural no sub-bosque de Floresta Estacional Semidecidual secundária, no campus da UFV de Viçosa, MG. Participaram da banca, além do prof. Venâncio, o Dr. Aurino Miranda Neto e a doutoranda Kelly de Almeida Silva.
O estudo comparou diferentes tamanhos de faixas (parcelas) de retirada da serapilheira/top soil (2×1 m, 4×1 m, 8×1 m) na floresta. Com base nos resultados obtidos conclui-se que a remoção da serapilheira/ top soil causou apenas impacto inicial no estrato de regeneração natural da Floresta Estacional Semidecidual, mais precisamente no número de indivíduos e no número de espécies. A tendência observada é que com o passar do tempo, poucos meses, este impacto tende a ser reduzido até o ponto em que a condição da regeneração natural se iguale aquela pré-remoção da serapilheira e top soil. Para o impacto na remoção da serapilheira e do top soil ser mínimo e rapidamente revertido, as parcelas de retirada devem ser pequenas e espaçadas e a camada de solo removido em pequena profundidade, preferencialmente de 5,0 cm.
Cabe destacar que por se tratar de florestas nativas, a remoção de serapilheira e do top soil para uso em projetos de restauração ecológica deve ser realizada fora de Áreas de Preservação Permanente, preferencialmente em áreas de Reserva Legal, e sempre com autorização do órgão ambiental competente.
Nas fotos a banca da defesa de Thaís Diniz, uma das parcelas um dia após a remoção da serapilheira/top soil, parcelas 6 meses após a remoção e uma área restaurada pelo LARF através da transposição de serapilheira/ top soil.